Pablo de Carvalho

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Recife, Pernambuco, Brazil
Escritor (romancista), compositor, cronista e delegado de polícia. Vencedor do prêmio Alagoas em cena 2006, com o romance Iulana, publicado, no mesmo ano, pela Universidade Federal de Alagoas. Vencedor regional e nacional do programa Bolsa Funarte de Criação Literária 2011, da Fundação Nacional de Artes, do Ministério da Cultura, com o romance policial Catracas Púrpuras, lançado no Rio de Janeiro, em novembro de 2012. Escreveu, também, a novela O Eunuco (Edições Catavento, 2001), e o romance O Canteiro de Quimeras (Writers, 2000). Compôs, em parceria com Chico Elpídio, o disco Contemporâneos.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Crônica de fim de ano


“Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus. (...) E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim?..." - Mateus 5, 43-48


(os homens sábios que li e conheci ensinaram-me o que escrevo por esta crônica)

Não se apegue demais às coisas; não traga pela vida um fardo maior que viver e amar. Separe o joio do trigo. Há coisas que fazemos para serem doadas ao tempo, à história, às pessoas; são as grandes coisas, as que deixam em nós apenas o diamante de as termos criado, mas que não têm dono. Vieram as hienas roubá-las, devorá-las, refestelar-se? Deixe que o façam, ora essa! Entenda, amigo: o que as hienas mordem vira carniça assim que sai de suas mãos para as garras delas... Mas a lembrança do que se foi, a imagem suspensa da beleza que você criou não podem ser presas da gula dos carniceiros... Sábia existência, professora infinita – amém.

Ah, deixe de remoer a náusea; perdoe os homens! Deixe as coisas velhas virarem junto desse ano velho... Seja esperto, nunca maquiavélico; seja estratégico, nunca comodista; seja justo, nunca vingativo – vingar-se é transformar-se no mal que habita a coisa vingada. Há homens maus? Saia de perto deles, livre-se, engane-os, mas não seja mau também, que o sofrimento da ruindade já é o grande castigo que a gente ruim leva por seus (longos) dias de carregar pedras.

Olhe para esse céu em estado de “révellion”: que bonito céu, que doçura a bater nas últimas horas em que nosso pequenino planeta azul gira, uma vez mais, pela cintura da estrela soberana! Deixe suas ideias girarem também! Contemple esse relógio mágico que aparece na parede do ano terminando, e sorria, e seja simples...

Que flor bonita nascerá de nossas mãos, amigos, se nos revoltarmos sem ódio, se lutarmos sem mágoa, se vencermos sem soberba, se amarmos sem egoísmo, se perdermos sem apego; que flor bonita se, feito esse tempo que desliza, aprendermos a renascer como uma luz que não cega, um fogo que não fere...

Feliz 2013, e que Deus esteja em nosso merecimento.