Pablo de Carvalho

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Recife, Pernambuco, Brazil
Escritor (romancista), compositor, cronista e delegado de polícia. Vencedor do prêmio Alagoas em cena 2006, com o romance Iulana, publicado, no mesmo ano, pela Universidade Federal de Alagoas. Vencedor regional e nacional do programa Bolsa Funarte de Criação Literária 2011, da Fundação Nacional de Artes, do Ministério da Cultura, com o romance policial Catracas Púrpuras, lançado no Rio de Janeiro, em novembro de 2012. Escreveu, também, a novela O Eunuco (Edições Catavento, 2001), e o romance O Canteiro de Quimeras (Writers, 2000). Compôs, em parceria com Chico Elpídio, o disco Contemporâneos.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Brutus pensando.


O busto de Brutus, de Miguel Ângelo, olha por cima do ombro esquerdo. No seu olhar há um paradoxo que esconde e revela um segredo. O olhar é pesar e é medo, mas é também uma seta para o futuro que lhe abriu o ato homicida. Brutus, tal qual um menino, no proibido vê desgraça e vê vida. Que porte nobre ao redor da cabeça pequena! E é somente de Brutus que Brutus sente pena; não de César, que ainda detesta e seu passado enorme é bem que ao assassino não presta, pois anexo à morte. Sua túnica romana é mais nobre que seus cabelos, que seus pelos, que aquilo tudo que cobre. A presilha de ouro vale mais que seu olhar opaco. E mesmo matador, soberbo nobre em maravilha, relincha e sente-se fraco. O busto de Brutus tem olheiras fundas, e uma testa tensa: é o remorso que vem em ondas e não a cabeça que pensa – e pondo o escrito as almas desnudas, chamo-o Brutus e poderia chamá-lo Judas.




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